- Perguntem às crianças, em todo o mundo, que oferecem os seus desenhos como se fossem tesouros e as suas pedrinhas como se fossem jóias. às meninas que, pacientemente, guardam durante os passeios, uma florinha já murcha para dar à mãe.
- Ao sem-abrigo que, deixa de comer para alimentar o cão que o acompanha
- Ao viúvo que envelheceu com a sua amada.
(...) Ter alguém que saiba o pin do nosso cartão multibanco é um descanso na alma. Essa tranquilidade faz falta, abranda a velocidade do tempo para o nosso ritmo pessoal. É incompreensível que ninguém a cante.
As canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor. Como se explica, por exemplo, que não falem dos serões a ver televisão no sofá? Não há explicação. O amor também é estar no sofá, tapados pela mesma manta, a ver séries más ou filmes maus. Talvez chova lá fora, talvez faça frio, não importa. O sofá é quentinho e fica mesmo à frente de um aparelho onde passam as séries e os filmes mais parvos que já se fizeram. Daqui a pouco começam as televendas, também servem.
Havemos de engordar juntos (...).
Amor burguês de José Luís Peixoto